Posição oficial e não oficial da Igreja – parte II

Posição oficial e não oficial da Igreja (2ª parte)

Apesar de todos os fatores negativos, no final, a frequentação de Medjugorje manteve-se num nível semelhante ao dos peregrinos de Fátima. 

Neste mesmo período, a Santa Sé também recebeu a informação negativa que veio de Dom Zanic com as acusações contra os costumes dos dois primeiros párocos de Medjugorje: dois padres que exerceram uma grande influência espiritual. 

Um deles havia sido acusado de um erro cometido no passado, negado pela mãe da criança cuja paternidade lhe é atribuída; o outro foi acusado de séria ambiguidade em suas relações com as mulheres. 

O primeiro acusado é Tomislav Zlasic, que não se defendeu por princípio, reservando sua defesa apenas para Deus. O segundo, o irmão Jozo Zovko, assegurou-lhe que era uma calúnia. Acompanhando e produzindo documentação o célebre Mariólogo René Laurentin abordou estes dois casos esboçando algumas hipóteses coerentes e positivas sobre o caso dessas duas personalidades, de eminente valor espiritual, que foram vítimas de algumas armadilhas, imprudências e calúnias. 

Hoje o país Iugoslávia e sua Conferência Episcopal não existem mais, o documento dos bispos iugoslavos é apenas um testemunho de seu difícil acordo, mas é, no entanto, o único documento oficial ao qual a Congregação para a Doutrina da Fé se refere em resposta à questões levantadas pelos bispos: uma resposta ambígua dada ao arcebispo Taverdet e outros bispos. 

Os bons frutos da peregrinação a Medjugorje atraíram, muitas vezes sob a influência de seus diocesanos, um grande número de bispos à Herzegovina: alguns vieram em visitas privadas, outros mais oficialmente. Muitos celebravam missa e ali exerciam seu ministério para com os seus fiéis ou para assembléias de peregrinos. Outros, por outro lado, visitaram Dom Zanic e Dom Peric, para compartilhar sua convicção positiva sobre as aparições. 

Numerosos testemunhos acerca de Medjugorje foram publicados e amplamente divulgados pelos canais de comunicação  de hoje cada vez mais velozes. Isso nos deixa com uma contagem de mais de cem bispos: tudo isso constitui, portanto, um grande testemunho colegial de que suas preocupações espirituais os levaram àquele lugar. Se muitos foram lá, apesar da forte pressão da solidariedade colegial pós-conciliar, deve-se destacar também que muitos deles consultaram o Papa João Paulo II por um bom tempo. 

Tanto quanto se sabe foi São João Paulo II que encorajou um grande número de bispos a irem para lá. Alguns foram incógnitos e a delegação diplomática (bispos embaixadores) que o acompanhou à visita do Papa a Sarajevo em 1997 o deixou sozinho por vinte e quatro horas para fazer esta famosa peregrinação. Parece-nos claro que essas pessoas não o fizeram sem antes consultar discretamente o Santo Padre sobre o assunto! 

Então, qual era a posição do Papa? 

São João Paulo II obviamente não assumiu nenhuma posição oficial. Para ele era válido um princípio muito sólido, herdado dos bispos poloneses, de que a autoridade do direito divino do Papa ou dos bispos deve manter toda a sua liberdade e ao mesmo tempo respeitar os mecanismos de administração. Apesar disso, porém, este homem recebeu discretamente numerosos videntes que encontraram fácil acesso para chegar até ele; entre estes estão os videntes de Medjugorje e em particular Vicka, Mirjana e Maria. Ele reconheceu os bons frutos de Medjugorje muito abertamente. Ele falou mais de uma vez com um sorriso nos lábios da oposição do bispo, que ele ainda respeitava. 

A autoridade da Igreja mantém uma posição reservada, mas aberta, respeitadora da liberdade cristã de peregrinação privada, mas preocupada que os peregrinos sejam acompanhados por padres ou por bispos, ainda que de forma privada e não oficial.

O arcebispo Zanic perguntou-lhe:

«Quando virá a Sarajevo?».

João Paulo II respondeu com um sorriso:

«Oh! Achei que ele iria me perguntar: Quando virá para Medjugorje». 

Este diálogo que havia acontecido em fevereiro de 1995 fez com que em abril do mesmo ano, uma delegação croata liderada pelo vice-presidente Radie, representante do Presidente Tudjman, juntamente com o Cardeal Kuharic, convidasse oficialmente o Papa para visitar a Croácia, recebendo esta resposta que também foi uma expressão de seu desejo:

«Quero ir a Split, a Maria Bistrica (santuário mariano onde ele foi) e a Medjugorje [onde no final acabou por não ir.]»

Em 1996, Dom Roberto Cavallero, reitor do santuário mariano de Orta di Chiavari, que estava voltando de Medjugorje, recebeu esta pergunta do Papa depois da Missa:

«Você acredita? Ele pergunta com outra pergunta: «e você, Santo Padre, acredita?» Depois de um breve silêncio, o Santo Padre respondeu afirmativamente: «Acredito, acredito, acredito» 

Este diálogo não tem valor oficial, não é um ato de Magistério declarando a sobrenaturalidade das supostas aparições de Medjugorje mas devemos reconhecer que o Papa obviamente mantém a sua liberdade de expressão em particular.

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