Maria no 1º Concílio da Igreja em 325

Em 318 Ario (260-336), que desde 313 era sacerdote na igreja de Baukalis em Alexandria, entrou em conflito com seu bispo Alexandre de Alexandria por ter apoiado em seus sermões, mas também por meio de cartas, hinos e em seus escritos como é o caso de Thàleia (= banquete) um tipo de teologia rigidamente subordinacionista.

O que é o subordinacionismo?

Esta heresia consiste em atribuir ao Filho uma situação inferior à do Pai e em considerar o Espírito Santo inferior tanto ao Pai como ao Filho. Quando a doutrina trinitária ainda não estava esclarecida e os teólogos se esforçavam para salvaguardar a monarquia (Gr. princípio único) do Pai, a tendência era de interpretar o Filho e o Espírito como agentes subordinados de um Pai absolutamente transcendente.

Ascético rigoroso e pregador fascinante, rico em uma boa dose de presunção e movido por uma pitada de fanatismo, Ario gozava de grande estima entre o povo e sua doutrina, clara e racionalista, polêmica e conscientemente dirigida contra a escola alexandrina, causou grande rebuliço. Ele censurou os teólogos de Alexandria pelo modalismo e, por sua vez, afastou completamente o Logos de Deus.

O que é o modalismo?

Essa heresia acentuou tanto a unidade divina que negou a distinção pessoal do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não seriam nada mais do que três manifestações ou formas pelas quais o único Deus se revela e age na criação e na redenção.

O Logos, para Ario, não era verdadeiro Deus, de fato, em sua natureza ele era completamente diferente dele, nem eterno nem onipotente, mas criado no tempo, imperfeito e passível. No entanto, o Logos ainda era a primeira de todas as criaturas, muito superior aos homens e, portanto, poderia ser definido como um semi-Deus (demiurgo). Mas a divindade não era sua. Ao negar a divindade de Cristo, Ario obviamente se colocou fora do cristianismo.

Como esta heresia se espalhava por todo o mundo cristão o Imperador Constantino decidiu convocar um Concílio. Em Nicéia, de 20 de maio a 25 de julho de 325, ocorreu o primeiro Concílio de todo o império. Constantino colocou seu serviço postal à disposição dos bispos do império gratuitamente. Os dados sobre o número de participantes são incertos: uma lista registra 220 nomes, mas talvez fossem 318, com referência precisa aos 318 servos de Abraão (Gn 14,14); Eusébio fala de cerca de 250 bispos. Por além do mais eles vieram da parte oriental do império; do Ocidente apenas cinco bispos foram para Nicéia. O Papa Silvestre, devido à sua idade avançada, não esteve presente e foi representado por dois presbíteros. Muitos bispos ainda carregavam em seus corpos as cicatrizes da última perseguição: «como um mensageiro de Deus, luminoso no esplendor da púrpura e do ouro» como irá afirmar Eusébio na sua História Eclesiástica, o imperador avançava entre eles com gravidade, demorando-se amorosamente com todos e em particular com os bispos mártires. Ele também fez um discurso em latim.
Ario defendeu sua teoria: dezessete bispos ficaram do lado dele e entre eles estava o bispo Eusébio de Nicomédia. Também presente em Nicéia estava o jovem diácono Atanásio, que acompanhava o seu bispo. Após longos e agitados debates, prevaleceu a corrente que representava a ortodoxia.
Na chamada profissão de fé de Nicéia, a doutrina correta foi definida nos seguintes termos: Cristo é «gerado da substância do Pai como o unigênito, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial (homoùsios) com o Pai». O imperador comunicou a toda a cristandade em uma circular que Ario e seus seguidores haviam sido excomungados e banidos da igreja cristã como os piores inimigos da verdadeira fé, e ordenou que seus escritos fossem queimados.
Além do Símbolo, o Concílio emitiu 20 cânones, de natureza disciplinar, relativos ao clero e à liturgia. O Credo de Nicéia não menciona Maria, mas ao definir a divindade do Verbo, que encarnou e fez o homem, afirmava implicitamente a maternidade divina, que é a base fundamental da importância de Maria na história da salvação que a Igreja celebra.

Credo Niceno

Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis;
E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado, unigênito, do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, da mesma substância do Pai, por meio dele foram feitas todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.
Por nós homens e para nossa salvação ele desceu (do céu), encarnou, se fez homem, sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, virá para julgar os vivos e os mortos. (Nós cremos) no Espírito Santo também.
Mas aqueles que dizem: houve um tempo em que ele não existia; e: antes de nascer não era; e que não surgiu do que existia, ou de qualquer outra hipóstase ou substância que não o Pai; ou que afirmam que o Filho de Deus pode mudar ou alterar, estes a Igreja Católica e Apostólica os condena.

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