Conforme à lei judaica, este preceito foi cumprido aos 8 dias após o nascimento e, nesta ocasião, foi dado ao menino o nome de Jesus, já indicado pelo anjo Gabriel.
Era uma normativa que se aplicava aos primogênitos do sexo masculino entre os judeus. Todo primeiro filho devia ser consagrado ao Senhor, em memória do fato de que Deus havia exterminado os primogênitos dos Egípcios. Na realidade, somente os levitas permaneciam ao serviço do Senhor, enquanto os primogênitos das outras tribos eram resgatados a partir de um mês de idade mediante o pagamento de cinco siclos.
Interessava exclusivamente a mulher. Ao dar à luz um menino, ela contraía a impureza legal que durava quarenta dias, após os quais deveria se apresentar ao sacerdote no santuário, para ser declarada pura através de um rito purificatório. Nesta ocasião, a puérpera oferecia um cordeiro de um ano para o holocausto, um pombo ou uma rola em sacrifício de expiação. As mulheres pobres podiam substituir o cordeiro por um par de rolas ou pombos.
No versículo 22 de Lucas, observam-se algumas imprecisões:
Estas imprecisões sugerem um conhecimento superficial do judaísmo e uma ignorância dos detalhes, dificilmente atribuíveis a um autor criado em um ambiente judaico na Palestina.
As explicações podem ser diversas. Nos tempos do AT, a aplicação prática das normas poderia ocorrer segundo modalidades da tradição viva desconhecidas por nós, onde, por exemplo, por conveniência prática, as duas cerimônias do resgate e da purificação poderiam ter sido combinadas na prática popular.
Segundo alguns autores, Lucas inspirou-se em seu relato na história de Samuel, obtendo os seguintes paralelos:
O deles refere-se a todo o povo de Israel, cuja purificação – libertação é também celebrada por Ana e pelo sacerdote Zacarias. As válidas razões que nos levam a tal interpretação são:
Se, portanto, o interesse dominante do evangelista não é a purificação de Maria, mas a do Povo, as imprecisões perdem a importância que lhes poderia ser atribuída. O evangelista quer, com seu relato, destacar que com sua viagem a Jerusalém e a entrada no templo, símbolo e compêndio ideal de todo Israel, e com sua consagração ao Pai, Jesus realiza a purificação espiritual dos judeus pré anunciada pelos profetas.
A mudança do nome original da festa de “Purificação de Maria” para “Apresentação do Senhor” é determinada pelo trecho do evangelho de Lc 2,22-40, onde é lembrada primeiramente a Apresentação de Jesus no templo e apenas marginalmente a Purificação de Maria.
Toda mulher que tinha dado à luz precisava purificar-se porque, segundo a mentalidade da época, o sangue era a sede da vida e pertencia somente a Deus, fonte de toda vida. Qualquer perda de sangue, inclusive a do parto, tornava a mulher impura por não estar em perfeita comunhão com Deus. Para restabelecer essa comunhão com Deus, fonte da energia vital, praticava-se o rito da purificação. A mulher permanecia impura por 40 dias após o nascimento de um filho masculino e 80 após o de uma filha. Durante esse período, ela não podia tocar em nada sagrado ou entrar em locais de culto.
O conceito do resgate dos primogênitos masculinos tem suas raízes em tradições e leis encontradas no Antigo Testamento da Bíblia. Esse costume está principalmente associado à nação de Israel e reflete a importância dos primogênitos na cultura e religião judaicas. Um ato que simboliza a consagração e o reconhecimento do papel especial dos primogênitos na tradição judaico. Como exemplos bíblicos sugerimos a leitura de Ex 13,1-2,11-15;Nm 3,40-51;18,15-16.
Em seu relato, Lucas enfatiza a obediência de Maria e José à lei e destaca a apresentação do Menino. Por duas vezes sublinha que foi levado a Jerusalém para oferecê-lo ao Senhor. As palavras proféticas de Simeão e de Ana são dirigidas principalmente ao menino, Messias do Senhor. O foco não é tanto na apresentação, mas na consagração de Jesus.
Mais do que um primogênito a ser resgatado, Jesus parece uma oferta a ser apresentada ao Pai. Esta leitura sacrificial é reforçada por vários detalhes:
Já nesta visita ao templo, Maria, que guarda e medita em seu coração todas as coisas, começa a compreender que seu filho não pertence a ela, mas é para sempre doado a Deus. A ação de Maria tem o valor de uma consagração do Filho à qual Ela se associa, quase formando uma única realidade com ele. Nesse sentido, pode-se falar de uma purificação – consagração que envolvia mãe e filho e, por isso, talvez, Lucas tenha outro motivo ainda para falar da purificação “deles“.
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